terça-feira, 18 de novembro de 2008

A pressa

Lembro-me de uma manhã em que eu havia descoberto um casulo na casa de uma árvore, no momento em que a borboleta rompia o invólucro e se preparava para sair. Esperei bastante tempo, mas estava demorando muito e eu estava com pressa. Irritado, curvei-me e4 comecei a esquentá-lo com meu hálito. Eu o esquentava impacientemente e o milagre começou a acontecer diante de mim a um ritmo mas rápido que o natural. O invólucro se abriu e a borboleta saiu se arrastando. Nunca hei de esquecer o horror que senti então: suas asas ainda não estavam abertas, com todo o corpinho que tremia, ela se esforçava para desdobrá-las.
Curvado por cima dela eu a ajudava com meu hálito. Em vão. Era necessário uma paciente maturação e o desenrolar das asas devia ser feito lentamente ao sol. Agora era tarde de mais. Meu sopro obrigara a borboleta a se mostrar toda amarrotada antes do tempo. Ela se agitou desesperada e alguns segundos depois morreu na palma de minha mão.
Aquele pequeno cadárve é, eu acho, o peso maior que eu tenho na consciência, pois, hoje, entendo bem isso, é um pecado mortal forçar as grandes leis.
Temos que não nos apressar, não ficarmos impacientes e seguir com confiança o ritmo eterno.
Tudo tem sua hora - Hora de plantar e hora de colher, agora é hora de começar.
Que juntos possamos começar bem!
Carl Rogers - ZORBA - (Nikos Kazantzaki)

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